síndrome da gaveta

Escolhi a caneta para começar. Já não era mais tempo de grafite, lápis de olho, giz de cera, borrão. Era tempo do definitivo. O que permaneceria sem meu corpo, sem meu punho. A voz, à caneta. Tive medo dessa eternidade. Esses anos todos tive medo de sair do armário e dizer: sou eu a escritora, a atriz que encena textos em tempo real, a narradora de carderninhos, marinheira só em blocos de carnaval. Mas por que explicar? Quem estaria ouvindo? Redatores insones numa madrugada googlística de trabalho? É assim: pergunto, pergunto, nunca termino. Ele disse: é initerrupto. Initerrupta, parei, abrupta.